10/29/2021

Aventura Literária

Viver é uma aventura, logo, aventura boa é aquela que a gente vive. Já a aventura que a gente não vive, a gente pode nela entrar e os livros nos permitem esta entrada, esta imersão, por eles e com eles, vivemos as melhores aventuras... literárias!

Certo dia recebi uma ligação do Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida (CFNSA), onde meus filhos estudam. Minha barriga gelou, comecei a pensar que houvesse ocorrido algo com as crianças, afinal, do outro lado da linha, a voz masculina era calma e educada demais na introdução do assunto. Era o professor Ronaldo, convidando-me para prestigiar a apresentação em sala de aula, do segundo ano do ensino médio, do projeto que eu, tempos atrás, havia sugerido à diretora, Irmã Mônica: a criação de uma estante pública com livros, doados por outrem, que seriam disponibilizados para livre leitura dos alunos, professores, mantenedores e pais do CFNSA. Na condição de membro da Academia Joseense de Letras (AJL), escritor e agente cultural, é de extrema importância, incentivar, fomentar, propiciar a leitura, fazendo com que o livro seja livre e de fácil acesso.

No dia agendado, 18 de outubro, Professor Ronaldo e Professora Adriana me recepcionaram calorosamente  na sala de aula. Eles sugeriram que me apresentasse para iniciarmos os trabalhos. Assim o fiz. Depois disso, os alunos mostraram as estantes móveis construídas e pintadas por eles próprios e demostraram como as mesmas ficariam expostas no colégio. Após esta interação vieram as perguntas, algumas bem capciosas, outras bem inteligentes e outras significativamente relevantes. Entre elas, destaco:

  1. Na prática, qual é o trabalho realizado pela AJL para a comunidade de forma geral?
  2. A internet contribui positiva ou negativamente para o desenvolvimento da leitura?
Entre uma pergunta e outra, o Professor Bruno entrou na sala, afinal, já estávamos ocupando o horário da sua aula. Professor Bruno não, Brunão. Aproveitando sua presença, conversamos sobre a literatura versus internet e sobre assuntos como filosofia e política tem feito mais parte do nosso universo. Brunão conhece minha família, meus pais, minha esposa, meu filhos, minha história, já participou do Pode Cornettah quando conversamos sobre os 300 anos da aparição de Nossa Senhora, já participei com ele do Altas Aulas no Colégio. E, interagindo com os alunos, falando um pouco de mim e sobre minha trajetória, ele mencionou os textos deste Blog. Falávamos sobre livros físicos, em contrapartida, eu tinha a oportunidade de mostrar meu trabalho digital. Tão logo, Brunão sugeriu que lêssemos ali, na hora, um dos meus textos. Então lemos "Meus país é uma peça". Se tivéssemos combinado não teria dado tão certo, o fim deste texto fala que  "Apesar de tudo, tudo mesmo, apesar de tudo o que há de mal e de errado neste país, eu continuo fazendo a minha parte, eu continuo acreditando na minha, na sua, na nossa força para mudarmos e melhorarmos alguma coisa, por menor que seja, porque o meu país é uma peça a ser apreciada, vivida, atuada, admirada, dirigida, roteirizada e assistida por todos nós!". Aquele contexto representava muito bem esta força de mudança. Ao fim da leitura, uma aluna pergunta:

    Qual é a sua metodologia de escrita, uma vez que meus textos são tão longos?

Foi um encontro muito gostoso, gratificante, edificante. Eu, professores e alunos: o sonho de qualquer escritor!

Na semana seguinte, 25 de outubro, foi o dia de apresentar o projeto a toda escola. Aventura Literária, foi o nome escolhido de forma democrática pelos alunos. Embora o evento tenha sido um evento bem singelo, com todo DNA franciscano, "deu recado" de forma clara e assertiva ao que foi proposto. O evento foi uma apresentação de alunos de diversas turmas, onde mostraram as histórias de Gibi, como a Turma da Mônica, de princesas, de cordel, do sítio do Pica Pau Amarelo, entre outros e no final, as alunas do segundo ano médio, mostraram e explicaram como irá funcionar o Projeto Aventura Literária, cuja a ideia central é: a pessoa pega um livro para leitura e, simultaneamente, deve deixar outro no lugar.

Ao término do evento, a professora Adriana foi chamada para falar um pouco sobre o projeto. Depois fui eu. Posso dizer que vivi para presenciar este momento. Falei sobre Felicidade, aquela situação era a representação da felicidade de um escritor, porque ali estavam, crianças, jovens, pais, professores, coordenadores, diretora e mantenedores, em volta dos livros, falando sobre livros, fomentando a leitura. Fiz a mesma brincadeira que fiz na sala de aula do segundo ano ao dizer que não sabia como a diretora, Irmã Mônica, é como chefe lá dentro da sala dos professores, o que eu sei, vejo e nos importa, é saber que a sua gestão propicia aos alunos, pais e, principalmente, professores, participem e deem cada vez mais o seu melhor em prol do bem comum que é a educação. Depois falei que escola é isso, tudo junto, mistura,  tradição, religião, família, já que meu pai trabalhou no colégio, eu e meus irmãos estudamos no colégio e meus filhos e sobrinhos estão estudando no colégio. Terminei dizendo o que escrevi numa publicação em fevereiro deste ano: "mais vale um livro na mão do que dois na prateleira" e fazendo jus a esta semente plantada, cumprindo o que falei tempos atrás, dei minha contribuição ao CFNSA, doando cerca de 20 livros.

Seu Odácio disse ao Fernando Anitelli, seu filho, certa vez: "Não é uma cara engravatado, atrás de uma mesa, que vai dizer se a sua música é boa ou não". Então ele entendeu que as músicas do O Teatro Mágico deveriam ser livres e as jogou todas na internet. Esse foi um dos melhores conselhos dito a alguém que eu peguei emprestado para mim. É nisso que eu acredito quando escrevo, aqui no Pode Cornettah, textos que se relacionam muito bem na minha mente embora muita gente não compreenda. Então se eu quero ser livre para escrever o que quiser, assim deve ser a qualquer outro escritor, porque escrevemos querendo que nossas obras sejam lidas e toque ao menos o coração de um leitor que seja. Se fizermos a diferença na vida de uma pessoa, a semente está plantada. Portanto este projeto, Aventura Literária, veio me trazer este presente, permitir que divulgue este blog e compartilhe outras tantas obras literárias através dos livros físicos de outros escritores.

Foto: Conversa com 2º Ano Ensino Médio (CFNSA) 
Fonte: Acervo CFNSA

Foto: Conversa com 2º Ano Ensino Médio (CFNSA)
Fonte: Acervo CFNSA

Foto: Apresentação Projeto Aventura Literária (CFNSA)
Fonte: Acervo do próprio autor


Aventure-se, com livros, sem moderação!

Grande Abraço,

Eduardo Caetano