2/28/2021

Mais vale um livro na mão do que dois na prateleira

Dia desses pediram minha opinião sobre a moça que aparece na foto abaixo. Opinei despretensiosamente: Jogada pronta, onde há dinheiro, poder e fama, em nome de Deus, alguém tem que pagar. O marido, deputado e empresário, pagou. Quando a esmola é demais, o Santo desconfia. Aí outro dia pediram minha humilde opinião sobre a prisão do rapaz de máscara. Nossa, o que eu, um insignificante blogueirinho joseense poderia dizer, ou escrever, à respeito de um machão que já foi preso mais de 90 vezes? Nada!

Talvez, alguns leitores, tenham clicado no link enviado como sugestão de leitura da semana por causa da foto, desculpe desapontá-los pois, por hora, não irei desperdiçar meu insignificante (de novo) devaneio literário com tais assuntos, há muita coisa boa para ser cornetada, tá ok? Mas espere um pouco, no tocante ao novo decreto de armamentos, assinado pelo rapaz da foto com a arma em punho, devemos e podemos cornettah, até mesmo porque "o país está sendo governado por gorilas, sem querer ofender os gorilas, claro"... Já dizia Elis Regina. Quem me conhece, sabe, sou contra o uso de armas mas, quem também me conhece, sabe que eu torço para que decisões como essa deem certo e que nós, sociedade, somente saberemos o resultado, positivo ou negativo, vivenciando a situação. Enquanto a vivenciamos, o que que eu, como cidadão comum, posso fazer na minha insignificante (de novo) participação social? Uai, se a conversa é sobre armas, usarei as minhas. 

Até muito pouco tempo, minhas armas ocupavam algumas prateleiras e fundos de gavetas aqui em casa. Dado o cenário atual, resolvi colocar todas numa mala grande que, por sua vez, está no porta malas do meu carro. Ao todo são 51 armas... Boa ideia! Minhas armas precisam ser usadas, preciso atingir pessoas, na cabeça e no coração. Arma "parada", emperra, enferruja, não acerta nada e nem ninguém.

Apresento-vos minhas cinquenta e uma armas: São os meus cinquenta e um livros! Livrai-nos do mal, armemo-nos de livros! Tudo bem, vou compreender se você não quiser ler mais a partir daqui. Mas, se você ficar, será cúmplice do nascimento do Clube Literário do Pode Cornettah, por isso a mala com os livros está no carro, para facilitar as entregas e as devoluções! Exatamente isto mesmo que você leu: Clube Literário do Pode Cornettah! Sim, estou compartilhando meus livros, NÃO estou doando, quero que haja uma troca de experiência literária entre nós. O empréstimo funciona como numa biblioteca convencional: preenche uma ficha, assina a ficha, retira o livro, devolve após sete dias e assina a ficha novamente. O prazo para empréstimo pode ser revogado mediante nova assinatura da ficha. Caso não entregue na data combinada, será cobrado uma multa a ser estipulada. Podemos conversar, caso haja interesse na compra de algum livro. Para retirar o livro, envie uma mensagem no privado. Sim, é verdade este bilhete. Refleti muito sobre o acúmulo de livros e cheguei a conclusão de que Mais vale um livro na mão do que dois na prateleira.

Um livro na prateleira junta pó, junta memória afetiva. Um livro na mão junta sonhos, junta oportunidades, junta possibilidades. Claro, cada um é livre para fazer, para ler o que quiser e, no Clube Literário do Pode Cornettah, você terá, por enquanto, cinquenta e uma oportunidades de leitura. Tudo bem, sei que não são tantos livros assim, mas o importante é colocar em prática o seguinte pensamento: quem divide, multiplica

Eis, portanto, minha coleção de ARMAS, digo, LIVROS em ordem alfabética de seus respectivos títulos:

  1. 9 Meses Com Maria - Luís Erlin
  2. A Cabana - William P. Young
  3. A Fantástica História de Silvio Santos - Arlindo Silva
  4. A princesa da Lapa - Danilo Barbosa
  5. Adega de Sangue - Danilo Morales
  6. Além do Vale do Terror e da Imaginação - Thunder Dellú
  7. Aprenda Português - José Nelson de Souza
  8. Aquenda - Luna Vitrolira
  9. As Esganadas - Jô Soares
  10. Assassinatos na academia brasileira de letras - Jô Soares
  11. Até que a vida nos separe - Mônica de Castro
  12. Competência no Amar - Padre Rinaldo Roberto de Rezende
  13. Conversas Decisivas - Kerry/Joseph/Ron/Al
  14. Danem-se os normais  - João Estrella de Bettencourt
  15. Desmergulho - Daniella Peneluppi
  16. Do tempo à eternidade - Irmã Maria Domitila de Jesus Hóstia
  17. En-Théos - Padre Rinaldo Roberto de Rezende
  18. Estilo Sustentável - Mara Débora
  19. Golpe de Estado - Rodrigo Cabrera
  20. Juro que tentei - Fabrício Cunha
  21. Meu lar virou uma empresa - Lúcia Runha
  22. Mulheres de Aços e de Flores - Padre Fábio de Melo
  23. Nunca Desista dos seu sonhos - Augusto Cury
  24. Nuvem de Estrelas - Bruna Cleto
  25. O Alquimista - Paulo coelho
  26. Ô de Dentro - Tenório Cavalcanti
  27. O Homem da Capadócia - Wilson R
  28. O homem que matou Getúli Vargas - Jô Soares
  29. O Lobo da Estepe - Hermann Hesse
  30. O Pastor das ruas - Vicente Blood
  31. O Peso do Pássaro Morto - Aline Bei
  32. O Rei das Fraudes - John Grisham
  33. Olhar de Cão - Francisco José Ramires
  34. Os últimos passos de Jesus - Bill O'Reilly
  35. Para que serve a poesia - Clarice Sabino
  36. Para seus olhos de vidro - Andrea de Barros
  37. Passa Quatro em Cantos - Paulo José de Almeida Brito
  38. Paternidade, Maternidade e Responsabilidade - François Dumesnil
  39. Pinceladas do Tempo - Débora Siqueira
  40. Poemas Microfísicos - José Moraes Barbosa
  41. Revista Thear - Faculdade Católica de SJC
  42. São Tantas Vozes - Lya Gram
  43. Setor 27: Ameaça nuclear - Daniel Pedrosa
  44. Setor 27: O segredo do Imperador - Daniel Pedrosa
  45. Setor 27: O tesouro da ordem de Cristo - Daniel Pedrosa
  46. Sombras de Um Verão  -Sidney Sheldon
  47. Suicidas - Raphael Montes
  48. Sussurros da Meia-Noite - Daniel/Juliana/Leandro/Stefânia
  49. Tamanho não é documento - José Nelson de Souza
  50. Versos Cravados na Pele - Wally Wilde
  51. Zé Dirceu Memórias - Zé Dirceu
Como notou, esta coleção tem o que eu estimo, muitas obras literárias de escritores brasileiros, sobretudo, regionais. Alguns livros trazem a dedicatória do autor para minha pessoa e alguns destes autores, inclusive, já foram entrevistados por este insignificante (de novo) blogueirinho Joseense. Portanto, se mais vale um livro na mão do que dois na prateleira, armemo-nos de livros para livrarmo-nos do mal! 

Grande Abraço,

Eduardo Caetano





2/19/2021

Caixa branca da aviação

Se eu te perguntasse o que você fez nos últimos 20 anos, o que responderia? E se você me perguntasse por onde andei nos últimos 20 anos, eu responderia: passei os últimos 20 anos dentro da caixa branca da aviação. Existe a caixa preta do avião, a que todo mundo conhece, aquela que guarda todo o histórico dos voos e tem consigo, de certa maneira, o DNA do avião. Como diz Sérgio Vaz: como poeta posso ser engenheiro, como tal, tomei a liberdade de batizar de caixa branca da aviação, os prédios de alvenaria, os galpões da fábrica, os locais físicos onde eu e muitos colegas passamos grande parte de nossos dias, projetando, montando, trabalhando, criando, buscando soluções, enfim, fabricando aviões. Antes da pandemia eu pensava: enquanto o sol brilha lá fora, nós ficamos dentro da caixa branca fazedora de aviões.

Foi um processo um pouco árduo até eu consegui entrar na EMBRAER. Ao todo, fiz oito testes, entre eles, para áreas de processo, estamparia, recebimento, estágio e qualidade. Após o término do curso, técnico em mecânica na ETEP, eu ingressei na EEI (Escola de Engenharia Industrial) e na faculdade a grande maioria dos alunos já trabalhava na EMBRAER e muitos deles na área de projeto. Eles falavam do trabalho com brilho nos olhos e aquilo acendeu uma chama dentro de mim, comecei a querer aquilo para mim também, não como inveja deles, mas como capacidade de fazer algo grandioso. E deu certo. Um belo dia me chamaram para fazer um processo seletivo para área de projeto, quase não fui, afinal, se eu não tinha passado até ali, era naquele que não passaria. Mas como não tinha nada à perder, lá fui eu. Alguns dias depois me ligaram dizendo que a vaga era minha, topei na hora e deixei, na época, o estágio na Proshock System, uma empresa de suspensão de bicicleta.

Dia 19 de fevereiro de 2001. Lembro-me como se fosse hoje. Primeiro dia de trabalho na EMBRAER. Lembro da sensação, do frio na barriga, as pernas tremendo. A passagem pela portaria, o processo de integração, conhecer a área e o time com quem trabalharia. Fui compor o time de Projeto de Interiores do cockpit dos jatos comerciais da família EMBRAER 170/190 onde fiquei por, aproximadamente, cinco anos. Depois, trabalhei por 2 anos no programa do maior avião executivo já feito pela empresa, o Lineage 1000. Depois, trabalhei por dois anos e meio nos aviões executivos da família Legacy 600/650. Depois fui para minha primeira passagem, de três anos, no programa de defesa na aeronave KC-390, maior aeronave e maior desafio técnico já realizado pela Embraer, onde tive a oportunidade de mudar de Projeto de Interiores para Projeto de Sistemas Ambientais. Depois, trabalhei por, aproximadamente, seis anos no programa dos jatos comerciais da família E190/175E2. E faz um ano e meio que estou de volta ao programa de defesa no programa KC-390, onde tive a felicidade de retornar ao time de projeto de interiores. Está sendo uma boa jornada, costumo dizer que andei de lado na minha carreira e não para cima, mas tenho orgulho da minha trajetória profissional, pois as portas foram sendo abertas a medida que a capacidade técnica ia aumentando. E, o melhor de tudo, é que vou seguindo a minha intuição nesta trajetória aeronáutica.

Ingressei na empresa ocupando o cargo de projetista e, anos mais tarde, fui promovido a engenheiro de desenvolvimento de produto e, embora, seja uma carreira comum, ela se faz singular, pelo simples fato de ser minha. Não citarei nomes de pessoas importantes e significativas, positiva e negativamente, para não ser injusto. Assim como a morte e, mesmo tendo um sentimento enorme de gratidão e satisfação por esta trajetória, é certo que um dia irei parar de trabalhar na EMBRAER, não por maldade, mas pela lógica mesmo. Será, basicamente, por uma destas quatro razões: posso morrer a qualquer momento, posso me aposentar na empresa, posso ser demitido e posso pedir demissão. Parece irônico, mas tenho me preparado para isso, afinal, tudo é eterno enquanto dura.

Eu sou ali do jardim da  granja, da época que o estacionamento da EMBRAER era aberto e divido por uma rua púbica, andávamos ali de bicicletas aos domingos, não fazia ideia que este dia de trabalhar lá chegaria. Chegou e dentro da caixa branca da aviação existe um mundo de aprendizagem contínua, com DNA 100% brasileiro, pois começou com o sonho de voar de Alberto Santos Dumont, passou pelo sonho de fazer aviões do Engenheiro Ozires Silva e hoje faz parte da nossa realidade.

Neste meio tempo me formei em Engenharia Industrial Mecânica, cursei pós graduação em Design de Interiores, meu pai faleceu, eu casei, meus filhos nasceram, entrei para Academia Joseense de Letras, participei de bancas de TCC e criei o Pode Cornettah. Assim como uma relação de casamento, cada lado tem seus sonhos e sua vida, há momentos bons, há momentos ruins, há momentos ótimos e momentos péssimos. Vamos no tornando mais fortes a cada crise que passamos juntos. E nesta relação, tenho convicção que trabalhar comigo não é uma tarefa muito simples, sou uma cara ranzinza de manhã e mal humorado o resto do dia. Mas tenho, lá no fundo, o meu carisma. Aliás, está ai uma boa pergunta: o que de fato as pessoas pensam de mim?

Esta trajetória é favorável para entender qual a diferença entre os diferentes mercados da aviação. Na aviação comercial, o proprietário quer e precisa ganhar dinheiro com as passagens aéreas dos nossos aviões. Na aviação executiva, os proprietários utilizam nossos aviões para manter seu dinheiro em ascensão e no mercado de defesa, o proprietário usa o dinheiro para investir na segurança do seu território em prol de toda uma população. 

Já falei isso outras vezes, e sempre falo nas minha aulas de projeto, os momentos mais incríveis da aviação é quando presenciamos o roollout, que é a apresentação de uma aeronave para população e para imprensa. E, o momento mais incrível é, sem dúvida, o primeiro voo desta aeronave.

No mais, compor esta equipe comprometida e ocupar a caixa branca da aviação, durante esses 20 anos, são motivos de orgulho para mim, minha família, meus amigos e todos aqueles que acreditam no profissionalismo e no produto genuinamente brasileiros.

Grande Abraço,

Eduardo Caetano







2/18/2021

Como é possível... aceitar o outro?

"Uma das lembranças mais antigas que tenho sou eu soprando uma flor dente-de-leão para fazer um pedido. Eu tinha uns 3 anos e pedia a Deus para ser uma menininha. Por isso eu acredito Nele, não fosse por Ele eu não teria chegado aqui", disse Mayla, uma das irmãs gêmeas que passou pela cirurgia de readequação de sexo, ocorrida na última quarta-feira, 10 de fevereiro, no Hospital Santo Antônio, em Blumenau (SC). Obviamente que não conheço Mayla e Sofia (gêmeas e as mais jovens a passar por este tipo de cirurgia no país), nem suas histórias, suas trajetórias e suas crenças. Mas já me chama a atenção o fato de Mayla crer em Deus e não na religião que O representa.

E falando em religião (e readequação de sexo), este ano a Campanha da Fraternidade (CF), realizada pela Igreja Católica, trás o tema: “Fraternidade e Diálogo - compromisso de amor” com o lema: “Cristo é a nossa paz - do que era dividido, fez uma unidade” (Ef. 2.14). E este ano a CF é Ecumênica (CFE), fato que ocorre, em média, a cada 5 anos. Até aqui, tudo normal. 

O objetivo geral da CFE 2021 é:
  • Através do diálogo amoroso e do testemunho da unidade na diversidade, inspirados e inspiradas no amor de Cristo, convidar comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual.
E os objetivos específicos são:
  • Denunciar as violências contra pessoas, povos e a Criação, em especial, as que usam o nome de Jesus;
  • Encorajar a justiça para a restauração da dignidade das pessoas, para a superação de conflitos e para alcançar a reconciliação social;
  • Animar o engajamento em ações concretas de amor à pessoa próxima;
  • Promover a conversão para a cultura do amor em lugar da cultura do ódio;
  • Fortalecer e celebrar a convivência ecumênica e inter-religiosa.

Eis um breve histórico cronológico das Campanhas da Fraternidade Ecumênicas ocorridas até hoje:
  • 2000 – Tema “Dignidade humana e paz” e lema “Novo milênio sem exclusões”;
  • 2005 – Tema “Solidariedade e paz” e lema “Felizes os que promovem a paz”;
  • 2010 – Tema “Economia e Vida” e lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”;
  • 2016 – Tema “Casa Comum, nossa responsabilidade” (tratou do meio ambiente e saneamento básico) e lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.
Mas, por que a ala conservadora da Igreja Católica tem se posicionado contra a CFE 2021?

Primeiro, porque a Comissão da CFE 2021 é formada por representantes das igrejas-membro do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), tendo como igreja observadora a Igreja Betesda de São Paulo e tem, como membro fraterno, o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e à Educação Popular (Ceseep).

Em segundo lugar, porque o texto-base da CFE 2021 é de autoria do CONIC e não da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como é feito todos os anos. Se não é elaborado pela CNBB, isso implica na ausência, por exemplo, de citações sobre Nossa Senhora. Mas se a campanha é para ser fraterna, sem problemas.

E, em terceiro lugar, o texto base faz críticas ferrenhas a forma que o governo combateu (ou não) a pandemia do novo coronavírus e também trás uma defesa inédita à população LGBTQI+, além de sugerir que a arrecadação financeira do Domingos de Ramos seja toda revertida para esta população. Ao defender a população LGBTQI+, o texto-base cita, por exemplo, Marielle Franco. Marielle, presente. Maria, Mãe de Deus, ausente. Mas se o texto é de autoria da comissão CFE 2021, logo, Nossa Senhora não é fundamental mesmo. Temos que atentar para o seguinte: o texto-base é de autoria do CONIC, sim, mas o responsável- aprovador pela redação e publicação, foi a CNBB, portanto, aos olhos do Vaticano, está tudo certo. Se para o Santo Padre, o Papa Francisco, está bom assim, quem somos nós para acharmos ruim?

Buscando informações sobre o que clama a ala conservadora, deparei-me com pautas muito complicadas para minha limitada teologia que vai apenas à face de leigo cristão e bem longe de ser um estudioso. Temas como extrema esquerda, Teologia da Libertação, Leonardo Boff, são muito além do que tange a minha vã teologia. Ainda sim, vou cornetar, pois sou católico, acredito no catecismo e em toda a fé que baseia-se o catolicismo.

Antes, porém, o termo Conservador me remete à época em que eu fiz o curso técnico na ETEP, pois quando um aluno repetia de semestre, dizíamos que ele havia conservado, ou seja, ia fazer tudo de novo, repetir tudo de novo, atrasar, não evoluir, ia ficar estagnado, enfim, seria castigado.

Contudo, é lamentável justificar o texto-base como se governo atual fosse culpado por toda a injustiça citada, fazendo do altar de nossas igrejas palanques para discussão entre bolsonaristas e esquerdistas. É preciso separar o joio do trigo. É uma questão cultural, está nas nossas entranhas a não aceitação do outro. Temos, como seres humanos medíocres, o triste hábito de rejeitar ao invés de abraçar o próximo. O fato de não concordar com as escolhas dos outros não nos dá, em hipóteses alguma, o direito de desrespeitá-lo. E se fosse com você? E se fosse na sua família? A tentativa de nos colocar no lugar do outro é um exercício muito válido. Eu, embora, branco, héterossexual, classe média, de boa família, até hoje sofro bullying por ficar vermelho quando estou no centro das atenções, seja por nervosismo, vergonha, timidez ou importância. E falo com conhecimento de causa: não é legal ser motivo de chacota. Até eu aprender que isso acontece devido à uma defesa fisiológica do meu organismo, demorei muito para aprender a me posicionar e saber meu lugar de fala.

A música proposta pelo texto-base é bem conhecida, chamada Momento Novo. E se Deus chama a gente pra um momento novo, não seria esta a hora realmente oportuna para de transformar o que não dá mais? Porque sozinho, isolado, ninguém é capaz. Claro, não é possível crer que tudo é fácil, mas há muita força que produz a morte, gerando dor, tristeza e desolação. Sim, é mais que necessário unir o cordão. Vamos, todos, entrar nesta roda e caminhar juntos, como povo de Deus. Cada um, eu, você, o héterossexual, o homossexual, o transgênero, o rico, o pobre, o índio, o branco, o negro, é muito importante nesta roda ecumênica.

Ao se opor o que a CFE 2021 propõe, os ditos católicos conservadores elevam ao máximo o esquecimento do mandamento deixado por Jesus, amar o próximo como a ti mesmo, e ficam estagnados, repetem velhas ações e tradições que em nada se assemelham aos ensinamentos de Jesus. Claro que é importante contestar mas, não obstante, é primordial respeitar e buscar a compreender as decisões alheias.

Aliás e se Jesus voltasse hoje, agora, aqui no Brasil, quais doze apóstolos ele escolheria? 
O conservador católico? Não!
O pastor famoso da igreja protestante? Não!
Eu, branco, héterossexual, classe média, boa família? Não!
Onde Ele iria garimpar seus novos apóstolos?
No templo de Salomão, onde impera o dinheiro? Não!
Na Basílica Nacional de Aparecida, onde virou uma casa de comércio? Com certeza, não!

Desculpe-me pela notícia, mas seguindo a lógica que Ele mesmo cansou de ensinar, os escolhidos de hoje seriam o pobre, o favelado, o negro, o índio, o pai de família fracassado, o profissional desacreditado, o senador corrupto, o homessexual humilhado, o transgênero desrespeitado, a mulher assediada, o deficiente físico e o traidor. E sim, eles viriam de lugares inóspitos, simples, esquecidos, de difícil acesso, da rua, dos bares, das favelas, dos ônibus lotados, das aldeias, das ocupações, dos cárceres privados, das prisões. Não viriam das grandes igrejas ou dos templos gigantescos, afinal, nós somos a igreja de Cristo. 

Será o respeito o melhor caminho à seguir ou estamos prestes a presenciar uma nova ruptura na Igreja Católica?

Enfim, se você leu até aqui, obrigado por investir seu tempo precioso!

Então, deixe seu comentário, porque aqui, pode cornettah!

Ah, este assunto foi sugerido pelo Daniel Galioti (Balanga). Dê, você também, a sua sugestão!

E não esqueçam de acessar os links para que possam conhecer um pouco mais sobre a CFE 2021.

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/02/12/gemeas-trans-cirurgia-inedita-mudanca-sexo.htm

https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2021/02/12/gemeas-de-19-anos-fazem-cirurgia-de-readequacao-de-sexo-em-hospital-de-sc-transicao-exige-acompanhamento-por-dois-anos-diz-especialista.ghtml

https://youtu.be/Uc8Slv0hvJU


Grande abraço,

Eduardo Caetano


2/11/2021

O Cara do Cartaz

Há no instagram um perfil chamado: @ocaradocartaz. Eu o sigo. É bem legal, um cara bem apessoado, cabelo arrumado, usando óculos escuros e segurando um cartaz de papelão com frases bem humoradas e bem verdadeiras, chego até me identificar com várias delas. Dou boas risadas com o contexto todo.

Houve, na semana passado, no Paraná, no Aeroporto de Cascavel, este cartaz erguido por este cara. Também sigo este sujeito no instagram para ficar por dentro do que ele anda fazendo. Aí ele fez esta bobagem, aliás, mais uma bobagem entre tantas. Não ri deste contexto. Minha surpresa foi ainda ter ficado surpreso com isso.

Penso eu: quando um líder de estado levanta um cartaz dizendo que a principal emissora de televisão do seu país é um LIXO, é porque realmente as coisas não vão muito bem. Mas este sujeito fez isto porque não concorda com aspectos jornalísticos da emissora, sente-se atacado, desmoralizado, caluniado. Coitado, chego a ficar com pena deste sujeito.

Tentarei ser breve.... Assim como quem não assiste Globo, você pode optar por não continuar esta leitura. E tudo bem! Cada um lê o que quiser.

Não entrarei no mérito desta queda de braço, até mesmo porque esta mesma emissora cooperou bastante para que um outro sujeito aí fosse preso e não fosse candidato a presidência. Não cabe a mim julgar os critérios das notícias que eles promovem. O que me cabe é investigar, buscar outras fontes, confrontar a informação, aí sim chegamos a certa descredibilidade jornalística da emissora. O fato é que realmente há algo errado, das duas partes. Mas ainda assim, o cartaz é impactante. 

Quando é declarado que: A empresa tal é um lixo, significa dizer que todas as pessoas, todos os produtos, todas as suas diretrizes são, por consequência, um lixo. Tenho amigos, colegas, parentes, conhecidos, cunhados que não assistem mais nada desta emissora. E tudo certo! Cada um com seu controle, literalmente. Não quer assistir, aperte o botão e mude de canal, simples assim. Agora, todos este que citei, assim como eu, crescemos assistindo os produtos gerados, novelas e afins, por esta emissora e não estou lembrado de nenhum caso em que alguém tenha se tornado mau elemento ou pessoas não idôneas por carregarem o peso de tudo que assistiram. 

Dizem, por exemplo, que as novelas estragam as famílias, que ensinam coisas erradas, que não prestam para nada. Aí optam por assistir séries em canais fechados. E de que adianta isso, se em até desenhos infantis existem os mocinhos, os bandidos, os heróis, vilões, as farsas, os golpes, as traições? É certo que desconhecem todo o trabalho de pesquisa, preparação e muito estudo que existem para fazer uma novela. É certo que também desconhecem toda a cadeia de produção e empregos que são necessários para fazer novelas, séries, minisséries e filmes. 

Mas voltemos aos jornais, para não chegarmos a outra coisa que desconhecem... a polêmica Lei Rouanet... 

Por baixo, para produzir um jornal são necessários: repórteres (óbvio), jornalistas, redatores, câmeras, técnicos, diretores, maquiadores... será que todos eles são um lixo? É isso mesmo? E se este sujeito, que na minha modesta opinião não serve nem para síndico do meu condomínio, erguesse um cartaz deste sobre uma renomada empresa brasileira de aviação? Será que todos os engenheiros, mecânicos, pilotos, técnicos, projetistas seriam um lixo? Por isso, há de se pensar um pouco sobre respeito, aos profissionais da saúde, da informação, da comunicação. É preciso respeito pelo outro e, o exemplo, vem sempre da liderança. Se o líder ergue um cartaz como este, logo, quem o segue acha isso lindo e esse papinho de respeito vai para o ralo.

As vezes me pergunto se este sujeito do cartaz do lixo não está atuando, fazendo este papel de maior sem noção da história. Pesquiso um pouco e concluo que não. Afinal atuar é uma arte e arte não é muito a sua arte. Artista é diferente de arteiro.

E se você leu até aqui, obrigado pela atenção!

Grande Abraço,

Eduardo Caetano