3/03/2022

O CANDELABRO DE SETE FACES

São sete as cores do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta). Já na Bíblia, o número sete representa o número limite de Deus nos planos para com os homens, transmite a ideia de perfeição, conclusão, consumação. A parlenda diz "sete e sete são quatorze, com mais sete vinte e um, tenho sete namorados, mas não gosto de nenhum".  A lenda diz que um gato tem sete vidas. Uma tradição brasileira diz que precisamos pular sete ondas no réveillon para recebermos a força e a purificação de Iemanjá. Uma semana tem sete dias. E são sete as faces do candelabro...

Quem me conhece sabe o carinho que tenho pela cidade de Passa Quatro-MG, que a chamo de "o melhor lugar do mundo", que é a cidade natal dos meus pais e da minha esposa, cidade na qual moram muitos parentes e amigos. Entre os amigos, há um que me fez um pedido. Paulo José de Almeida Brito, o Paulinho Brito, recentemente, inaugurou um belíssimo espaço cultural chamado O Garimpo, local onde podemos encontrar antiguidades, raridades, café, cachaça, disco de vinil e, claro, muitos e muitos livros, dos mais variados tempos, dos mais variados autores, das mais variadas épocas e dos mais variados estilos. Fim do ano passado fui conhecer o local e também estava em busca do seu novo livro: O Candelabro de Sete Faces. Como de costume, conversamos um pouco, tiramos algumas fotos e, após fazer a dedicatória, Paulinho então me pediu: "eu quero que você leia e dê a sua opinião sobre este livro porque é algo novo, é diferente de poesia e outras coisas que escrevo". E Paulinho é o tipo de pessoa que não convida, convoca. Ele não pede, manda. Não por autoritarismo, mas por autoridade máxima em simpatia, acolhimento, inteligência, empreendedorismo, paixão (pelas pessoas e  pela sua terra), entusiasmo (na literatura) e em ser um exímio contador histórias. Isso posto, não consegui dizer não ao seu pedido de resenha do novo livro. Talvez ele esteja esperando que eu dê uma opinião de forma reservada, mas este é o caso para dar uma opinião aberta porque literatura é algo de interesse público.

Tudo bem que eu já li querendo e esperando que a história fosse boa, até mesmo porque não sou nenhum crítico de literatura, no entanto, é sabido a fama e a forma da escrita de Paulinho. O livro trás uma história instigante, interessante, impressionante, rica em detalhes históricos da revolução constitucionalista de 1932 e, ao mesmo tempo, é de fácil leitura, de fácil entendimento e é sensorial ao jeito Paulinho de escrever, que faz um roteiro no qual mistura os sete pecados capitais (soberba, avareza, ira, luxúria, gula, preguiça e vaidade), os sete dons do Espírito Santo (fortaleza, sabedoria, ciência, conselho, entendimento, piedade e temor de Deus), sete pontos turísticos de Passa Quatro (Túnel da Serra, Igreja Matriz, Cachoeira do Pinho, Bica do Padre, Estação Ferroviária, Praça do Leões e o famoso ingazeiro) e uma pitada de maçonaria.

Não darei spoiler, só que não, porque o livro trás um triunvirato (formado por Emanuelly, Dante e Iuri) em busca dos segredos guardados pela história do candelabro de sete faces e, a partir dele, desvenda vários mistérios, realiza várias descobertas, passa por momentos tensos e ameaçadores, que são superados pela vontade de descobrir o tesouro escondido pelo bandeirante Fernão Dias Paes Lemes e são constantemente motivados a não desistir dessa empreitada devido aos fortes laços de suas famílias com a narrativa e pela verdadeira amizade que os une.

Enquanto lia, imaginava as cenas, as ruas, os lugares, as casas, as conversas, as pessoas, os sons, os barulhos, as sensações assim como num filme... uau! A história deste livro, certamente, daria um bom filme e, considerando uma cidade como Passa Quatro, isso seria até um pouco comum, dado que a cidade é palco de inúmeras obras de extrema relevância do audiovisual brasileiro. Então, nada mais justo: fomentemos a leitura e o compartilhamento desta obra literária para que ela chegue a sétima arte: o cinema. Fica a dica. 

Falar da obra é também falar um pouco do autor e como elogiar Paulinho sem que eu pareça um "puxa saco"? Paulinho é o tipo de pessoa cativante, sempre envolto e zeloso pelos membros e negócios da família, é romântico, é agitador cultural, é agente político, é poeta, é escritor de biografia, é empreendedor, é advogado, é orador, é alambiqueiro e é, agora, escritor de ficção. Tomo a liberdade de inserir Paulinho no elevado patamar do meu confrade na Academia Joseense de Letras, o escritor Daniel Pedrosa, autor da trilogia Setor 27. E, tomando como base a citação feita por Paulinho no livro, "a verdade está sob os panos", enchemo-nos de esperança, expectativa, anseio e um gostinho de quero mais para, que desta história, surja também uma trilogia.

E, como diz o filósofo Plotino: "tudo é símbolo de tudo. E sábio é quem lê em tudo". Portanto, sejamos sábios, leiamos toda esta história, brasileira, mineira, passaquatrense.

Foto: Conhecendo O Garimpo
Fonte: Silmara Brito

Foto: Dedicatória Paulinho Brito
Fonte: Acervo do próprio autor