10/20/2020

Bom dia, Verônica

Fala, gente bonita! Tudo bem?

Como escrever e/ou falar sobre algo que todo mundo está falando sem ser repetitivo?

Sim, falaremos sobre o seriado original Netflix: Bom dia, Verônica. 

Nosso ponto de partida: a literatura. Não o livro homônimo que originou a série, mas o livro Suicidas. Comprei este livro, anos atrás, despretensiosamente e fui tomado pela história e, seu desfecho, dá-se somente na última frase. Não conhecia seu autor, mas me interessei pelo livro pelo simples fato de ser brasileiro. Na cena, da série, em que Verônica queima Brandão eu pensei: eis aí a assinatura de Raphael Montes, mesmo autor de Suicidas, com requinte de crueldade, verdade e justiça ao seu modo. Ao ouvir o tiro do suposto suicídio de Verônica, eu pensei: se Raphael escreveu, ela morre, mas ela volta. Dito e feito.

Foto: Livro Suicidas de Raphael Montes
Fonte: Site Livraria Saraiva

Não li o livro "Bom dia, Verônica", mas vi, em muitas reportagens, que a série não o segue fielmente. Foram necessárias modificações e adaptações para que o público fosse enfeitiçado. Parece que deu certo. Estamos ansiosos pela segunda temporada, afinal, é uma história brasileira, escrita por brasileiros, dirigida por brasileiros e interpretada por brasileiros. Raphael Montes, escritor e roteirista, divide a autoria do livro com Ilana Casoy, escritora e criminóloga.

No elenco da série, alguns nomes se destacam: Camila Morgado (fez Olga e é premiada atriz que vai da comédia ao drama com maestria); Eduardo Moscóvis (consagrado ator de cinema, televisão e teatro); Antônio Grassi (Ator e líder de órgãos e instituições culturais no Brasil), Elisa Volpatto (interpretou a repórter Mira na minissérie Assédio); Silvio Guindane (premiado ator, diretor e roteirista); Adriano Garib (participou de Tropa de Elite 2 e na série Um Contra Todos); Tainá Müller (é a protagonista da série, já fez inúmeras novelas, filmes como Bingo e Tropa de Elite, recebeu muitas indicações e prêmios como melhor atriz).

Especificamente, sobre Tainá, a vi dia desses numa live no youtube no canal da Curadoria Hilst onde ela falou sobre sua visita à Casa do Sol, contou e ouviu histórias sobre Hilda Hilst e comentou sobre a vontade de interpretá-la num possível filme biografia. No cume alto do meu devaneio audiovisual brasileiro, sempre vi em Tainá seu potencial em interpretar papéis cada vez mais desafiadores, eis aí nossa Verônica, mas vê-la como Hilda Hilst, seria uma honra, uma vez que é minha patrona na Academia Joseense de Letras.

Mas, voltando a série, algumas coisas me chamaram atenção. Cláudio Brandão, interpretado por Eduardo Moscóvis, chama Janete, sua esposa, pelo apelido carinhoso de Passarinha. Ele a mantem presa, engaiolada, isolada de tudo e de todos. Janete, por sua vez, o chama de Vida, afinal, é por ele, com ele, para ele que ela vive. Janete, interpretada por Camila Morgado, fala com os olhos. Cada cena silenciosa diz muito mais que as cenas faladas. Seus olhos saltam, vibram, trazem verdade à trama. Brandão a ama, mas é louco por suas loucuras. Com sua Passarinha, caça outras presas para seu delírio psíquico e carnal.

Foto: Divulgação Netflix
Fonte: Suzanna Tierie

E a caixa de madeira onde Janete vê as loucuras de Brandão? Contem trava, mas não é lacrada. Ela mesma consegue abrir e fechar, tirar e colocar. Que duelo maluco e eletrizante. Quem nunca brincou, quem nunca vestiu a cabeça com uma caixa de papelão ou balde, não é mesmo? Sabemos que a sensação é deveras no mínimo estranha.

Há um mistério que envolve Anita, interpretada por Elisa Volpatto, que ficou para ser desvendado nas próximas temporadas. De onde ela veio? Qual sua relação com Brandão? Isso sem falar na sua relação com o orfanato Cosme e Damião. O que Wilson Carvana, interpretado por Antônio Grassi, sabia sobre ela dentro da organização da polícia?

Já Nelson, interpretado por Silvio Guindane, pode ser uma peça chave para próxima temporada, ajudando Verônica nas buscas e soluções virtuais. Ele é o "Cara da Informática" na delegacia. Poderá ser o olho, físico e virtual, de Verônica. Sem contar que ele tem uma queda amorosa pela protagonista.

E Verônica, nossa protagonista, interpretada por Tainá Müller, não é e nem quer ser uma heroína. É só alguém que busca ajudar quem precisa. Mas quando se dá conta, ela deve fazer as escolhas mais difíceis de sua vida, colocando em check seu casamento, seus filhos, sua vida profissional. Como diz a frase do trailer: "A justiça pode ser cega, mas ela não", então Verônica resolve fazer as coisas do seu jeito. Fisicamente, Verônica tem o biotipo meio comum, é magra, baixa, não é "bombada", nem malhada, tem estatura mediana. Sua maior e principal força é a interior, é a do coração, é a da alma. Verônica tem sede e fome de justiça. Nós, telespectadores, de mais de cento e noventa países, tomamos posse da Verônica. Queremos essa mulher dentro de nossas casas, nossas instituições, nossas empresas, nossas lojas, nossas fábricas, nossas igrejas, nossas delegacias.

Por isso, minha cornetada de hoje é: Assistam, prestigiem, divulguem, fomentem o audiovisual brasileiro e tenham, todos, um "Bom dia, Verônica".

Foto: Divulgação Netflix
Fonte: Suzanna Tierie



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